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Democracia e conveniência
Democracia e conveniência * Petrônio Souza Como poderemos construir um novo Brasil tendo como líderes homens de duas caras, de muitas propostas e nenhuma certeza, homens que não têm a dimensão de seus cargos, que não sabem o que acontece à sua volta, homens que vivem de nenhuma verdade? Aqui, esse modelo de administração pública é admirado e até copiado, seja por partidos como o PSDB, seja pelo PT. Antes de serem eleitos, em campanha, cada candidato sabe de tudo, tem respostas para tudo, soluções, sugestões, projetos, estudos e análises. Apontam dados, números, esclarecem fatos, falam do que viram e do que nunca viram. É uma onisciência invejável, admirável, tamanha a certeza de suas desenvolturas em cima de palanques, diante dos mais virulentos entrevistadores. Depois de eleitos, como que passando por um processo rotineiro de amnésia protocolar, esquecem de tudo, de números, projetos, compromissos e até de possíveis companheiros. Passam a saber de nada, ter visto nada, ter presenciado nada. Assim sempre tem sido em nosso país, desde o início. De Paulo Maluf, com seu mais solidificado elenco, ao presidente Lula, que descortinava a esperança de alguma mudança, o quadro é o mesmo, para desespero e lamento de todos nós, eleitores brasileiros. Em campanha, fazem tudo, acendem uma vela para Deus, outra para o diabo. Eleitos, regurgitam em todos os pratos em que comeram e fatiaram a esperança de cada um dos brasileiros, em um tétrico banquete dos eleitos pelos vencidos. Ignaros e fariseus, homens de pouca fé, servos de vários senhores. Produto de uma nação de enganados e esquecidos, os profetas de falsas promessas se reinventam, se remodelam, se superam, na realidade diária de enganar o povo, fazendo de seus mandatos e de nossas vidas uma eterna comédia dell?art com medíocres atores. Tão pobres em sonhos, tão ridículos em convicções, que fazem de nossas vidas uma patética encenação, um monólogo das piores frustrações humanas. Como mestre de vários disfarces, Antônio Carlos Magalhães era um Lázaro que debochava da consciência cívica. Depois de covardemente abandonar o posto, voltou ungindo pelo assistencialismo das eternas mazelas do pobre povo baiano, como um fantasma saído da catacumba dos esquecidos. Essa é a democracia que podemos exercer, essa é a liberdade de escolha que ainda podemos ter, essa é a nossa real política que impera. Somos, nesse processo vicioso, corrompido e comprometido, a viúva que entrega, em forma de doação, a sua única moeda, dando sempre ao impostor aquilo que não temos, aquilo que dentro desse cenário, nunca teremos. * Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor. ...


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